Teatro, transversalidade, educação

2 – Teatro e Educação.

A discussão sobre as formas diferenciadas de educar e da importância de se trabalhar os temas transversais tem como objetivo fazer com que os alunos reconheçam-se como cidadãos que possuem direitos, deveres e saibam como proceder no dia-a-dia conscientes do seu papel e sabendo valorizar a educação como um processo transformador.

Crescer como seres críticos e conscientes das dificuldades e dos problemas desse país de etnias tão diversificadas e tão ricas culturalmente é parte desse aprendizado.

Nesse processo em que a diversidade cultural abrange um imenso universo de conhecimentos e o multiculturalismo revela a beleza e a criatividade artísticas, o desafio de educar ganha com a arte um item diferenciador quanto a valorização da criatividade, pois, o que já sabemos é que a arte transforma a vida das pessoas. Uma transformação que vai além, numa visão diferenciada da realidade e das dificuldades que enfrentamos no dia-a-dia. Mas, apesar do reconhecimento do valor da utilização da arte no processo educacional, pouco se tem feito ou explorado nesse sentido. Na verdade, pouco se tem preparado o profissional da educação para que este se sinta capaz de desenvolver certos trabalhos dentro dos moldes artísticos.

Se a arte é um meio de grandes resultados dentro do processo ensino aprendizagem e um excelente método para se trabalhar a interdisciplinaridade, por que ainda existe tanta dificuldade para promovê-la, se o próprio sistema reconhece sua importância?  

          Cada aluno é um universo diferente e diante de tantos universos tão diversificados, o professor precisa ter coragem de buscar meios que possibilitem que cada aluno consiga ultrapassar certos obstáculos na luta pela educação. A arte é um dos caminhos que dá ao professor a possibilidade de conhecer a realidade dos alunos e aos poucos possa descobrir seus anseios, preocupações, tristezas e problemas em geral. O Teatro, por exemplo, permite que o professor se aproxime dos discentes a ponto de torná-los amigos verdadeiros, de palco, de sorrisos, de aplausos, de platéias pequenas e grandes, permite que dividam lágrimas de alegrias e de tristezas, permite que sintam juntos, emoções, que reconheçam nessas emoções a prova da competência de ambos. Permite também que professor e alunos não sintam inibição de abraçar, de brincar, de tornarem-se cúmplices uns dos outros, possibilitando maiores leituras do ambiente escolar e da realidade como um todo, que necessita de um olhar de fantasia para que a poesia possa brotar até mesmo das situações mais absurdas.

Teatro é arte. Arte maior. E a arte faz com que o professor junto com os alunos possa viajar pelo mundo da imaginação e descobrir a partir da capacidade de cada um, novas possibilidades. Foi através dessa visão que percebi na primeira tentativa com o teatro, uma forma de ir além na dinâmica de ensinar e com isso levar comigo não só os alunos, mas a escola como um todo, a comunidade e a família.

Não existe uma fórmula mágica dentro do processo educacional, algo que dê resultados imediatos e que dure para toda a vida, algo que funcione para todos os alunos sem distinção, pois, a realidade não é fácil, os alunos de hoje não são fáceis e muitas dessas teorias maravilhosas estão longe da nossa realidade, na maioria das vezes muito sofrida.

Encontrar um caminho é o grande desafio. Como sabemos que a fórmula mágica não passa de conto de fadas, tentamos encontrar a nossa própria forma de lidar com a realidade diária de um professor e sua fantástica missão de transformar.

O teatro permite que o professor se humanize quanto a sua profissão e com isso faz com que ambos descubram-se como seres que precisam ainda saber muito de si; que descubram a vida como uma caixinha de surpresas e que a educação, a valorização, a persistência e principalmente o respeito e a dedicação, sejam os principais fatores para o desenvolvimento de um bom projeto, pois, os alunos são seres que não pensam por uma só cabeça, cada um tem seu ponto de vista, é um outro ser, no seu mundo particular.

Texto retirado da monografia "Teatro, Transversalidade, Educação" escrito por Leila Nascimento para conclusão da Pós Graduação em Língua Portuguesa e Literatura.

          Os artistas mostrados nas fotos desse texto são alunos da Escola Luiz Paulino Mártires e fazem parte do grupo de Teatro Arte Lupama.