sábado, 29 de agosto de 2015

AS VISAGENS DE MINHA TERRA


APRESENTAÇÃO

            Estudar a regionalidade e descobrir os valores de suas raízes é dar aos alunos a oportunidade de ver, ouvir e sentir sua região de forma mais significativa.
            O estudo da arte na escola deve proporcionar aos alunos essa possibilidade, e ao escutar, observar, sentir e reproduzir, essa leitura despertará no aluno valores regionais que o farão pensar em sua terra como um cidadão responsável pelo seu próprio bem estar.
             Augusto Corrêa é uma cidade interiorana muito rica de histórias, que diariamente são criadas pelo povo, contadas e recontadas. Por isso, dignas de serem eternizadas a partir das palavras dos seus próprios filhos. A nova geração que ainda está na escola e que são nossos alunos.


O HOMEM QUE VIRAVA PORCO

                Na cidade de Augusto Corrêa, havia um homem que sempre que acontecia rituais de magia negra em sua casa, virava porco.

                Durante a madrugada quando ele e sua esposa se reuniam para realizar os rituais, os vizinhos ouviam coisas assustadoras como gritos, choros e roncos comparados a de um porco.

                Certa vez, um dos vizinhos; movido pela curiosidade de saber o que se passava na casa do casal, resolveu se esconder próximo a casa do homem para ver se descobria alguma coisa. Quando começou a ouvir os barulhos na casa das duas pessoas, viu o homem sair correndo na rua e quando estava a uma boa distância, se transformou em um porco.

                E todos ficaram muito assustados quando souberam e o segredo daquele homem estranho foi revelado.

Aluno Christhian Kithalv Santos Costa

6º ano

A MULHER MISTERIOSA

Antigamente uma mulher que morava em frente ao cemitério não acreditava nas histórias de assombração que o povo contava.

                Muita gente tinha medo de entrar no cemitério por causas de certas crendices, mas a mulher não entrava porque simplesmente não gostava. A ideia de morte lhe era terrível. Apenas isso.

                Um dia ela jurou que não ia nunca entrar no cemitério.

                Todos os conhecidos que morriam, ela jamais ia sequer dar os pêsames para a família e se negava a comparecer até em visitas de amigos em fases terminais. Mas um dia a mãe dessa mulher morreu e ela se negou a comparecer no enterro e preferiu ficar em casa sofrendo.

                Meses se passaram e um dia ela sofreu um grave acidente que a levou a óbito. Todos comentavam sobre o fato de que desta vez ela seria obrigada a entrar no cemitério porque senão teria que ser enterrada no quintal. E quando ocorreu o enterro todos os que a conheciam comentaram sobre o assunto.

                Na noite daquele mesmo dia, o vigia do cemitério viu uma figura feminina sentada na sepultura da mulher que fora enterrada logo cedo. E a partir daquele dia ela continuou a aparecer e a assombrar os moradores que precisavam passar pelo cemitério altas horas. E todos morriam de medo da mulher misteriosa que assombrava aquele lugar todas as noites.

Carla Vitória Cardoso 

6º ano F

A MÃE D'ÁGUA
                Certa vez eu estava lá em casa quando de repente deu uma vontade enorme de ir à casa da minha tia.

                Na ida, passei pela beira do rio e ouvi bater roupa e pensei “Quem está lavando roupa uma hora dessas?”. Era umas oito horas da noite, e, Claro que eu estava com uma lanterna. Era normal andar por aqueles caminhos, e ninguém tinha medo, mesmo com todas as histórias de visagem que ouvíamos.

                Resolvi convidar meu irmão para irmos até o rio investigar aquele mistério.

                Para nossa surpresa; chegando lá; não havia nada, ninguém, nem roupa alguma na beira do rio quarando como as lavadeiras deixavam.

                Corremos o mais rápido e contamos a história para o papai e ele nos disse que com certeza quem estava no rio àquela hora lavando e fazendo aquele barulho era a mãe d’água. E daí em diante deixei de passar perto do rio à noite.

Alexandre Santos da Silva 6º ano E


                          UM BARULHO NO RIO
Certa vez fui tomar banho no rio à noite como de costume. Não estava com medo porque era perto da casa da minha irmã e tinha luz.

Tomei banho despreocupada, mas de repente escutei um enorme barulho e pensei: “Deve ser a Mãe d’água”.

Nessa hora senti um medo enorme e saí correndo desesperada até em casa.

Quando cheguei cansada e ofegante, minha mãe perguntou o que havia acontecido e eu respondi:

- Acho que tem visagem no rio!

Claro que não acreditaram. Pensaram que era produto do meu próprio medo, mas eu tenho certeza: Era a mãe d’água.

Gisele Nogueira dos Santos 6º ano E

 
PERSEGUIDO PELA MATINTA
Certo dia eu estava tomando banho. Já era tarde da noite quando escutei um barulho na beira do rio. Fiquei nervoso. Olhei para os dois lados e não vi nada. No rio não tinha ninguém além de mim. Começou a dar medo. Escutei o barulho novamente. Agora mexendo no meio do mato. Olhei para lá e não vi nada. Pense: “Acho que é a matinta perera”. Corri de volta para o caminho e comecei a voltar para casa. Mais na frente escutei o barulho novamente. Corri para outro caminho que era muito deserto. Muito feio. Serrado. Fui correndo pelo meio do mato. Estava escuro. Não dava para ver nada. Tinha muito mato. Fiquei com medo. Estava escuro, muito escuro. Eu parecia estar correndo perigo.

Quando deu meia noite escutei o barulho bem perto de mim e disse:

- O que eu faço?

Resolvi correr com todas as minhas forças e mais na frente me escondi por trás de uma árvore. Olhei para um lado. Olhei para o outro e achando que o caminho estava livre saí correndo novamente. E nessa corrida dei de frente com um bicho muito feio. No exato momento tive a certeza de que estava diante da matinta perera. Mesmo com medo saí correndo e gritando em disparada e ela atrás de mim, mas me aproximei de casa e corri ainda mais.

Quando entrei no quintal, gritei para minha mãe e ao olhar para trás não vi mais nada.

 

 

 

 

Renildo Santos Matos

 6º ano

 

 

UMA AVENTURA NO MANGUE

Certo dia o meu tio estava falando que ia para o mangal tirar caranguejo.

Pedi para ir junto, mas ele me fez prometer que pediria permissão para os meus pais porque um passeio como este sempre oferece um pouco de perigo, ainda mais porque não era bem um passeio e sim um trabalho.

Pedi para minha mãe e ela não deixou.

Pedi para o meu pai. A mesma coisa.

Sendo assim meu tio se arrumou para sua viagem e foi.

Fiquei desolado com aquela situação. Considerei que seria uma aventura incrível conhecer o mangal e ver como se tirava caranguejo.

Tomei então uma decisão meio arriscada: Decidi ir sem a permissão . Resolvi fugir dos meus pais. O único problema era que eu não sabia exatamente onde meu tio costumava ficar, mas sabia o rumo que devia seguir. Quando chegasse no mangue gritaria até encontra-lo.

Fui.

Quando cheguei lá, a primeira coisa que vi foi uma enorme jararaca. E ela estava bem perto de mim. Corri ainda mais para dentro do mangal até perdi a noção de onde estava. Claro que tive consciência de que estava perdido e também conhecia muitas histórias de pescadores que haviam se deparado com visagens no meio do mangal.

Comecei então a gritar. Chamar pelo meu tio como um desesperado.

Gritei tanto que já estava perdendo as forças e o medo aumentando.

As horas passaram tenebrosas e ameaçadoras quando até que enfim ouvi a resposta do meu tio.

Ainda bem que não era a voz de um estranho porque senão eu morreria de susto. E ele falou:

- O que tu tá fazendo aqui menino?

Não consegui mentir. Até porque o nervosismo não deixou. Contei para ele tudo o que havia acontecido. O medo. A cobra e o mistério do mangal.

Meu tio me levou de volta para casa e daquele dia em diante nunca mais desobedeci as ordens dos meus pais. E nunca mais quis ir para o mangal.


Claudinei Miranda Corrêa 6º ano E


O TABACO DO CURUPIRA

Um dia a professora contou para nós que quando morava no interior, ela e sua prima saíram escondidas para pegar laranja em um outro sítio que ficava bem longe dali.

Naquele dia nada aconteceu, e para elas foi um belo passeio com direito a promessa de volta.

No domingo seguinte as duas combinaram de novamente ir àquele lugar para apanhar laranjas e também brincar.

Quando lá chegaram, tinha bastante laranja madura. Começaram a apanhar as frutas e o tempo foi passando de forma descontraída e alegre.

Quando decidiram voltar para casa uma coisa estranha aconteceu. Elas não conseguiam lembrar por onde haviam entrado no sítio. Era como se o caminho tivesse desaparecido de sua mente.

Em meio ao pânico uma delas lembrou que nesses momentos uma das saídas é prometer tabaco para o curupira, pois provavelmente aquilo era coisa do danado. E fizeram. Assim que gritaram para o mato que ainda naquele dia deixariam um pedaço de tabaco para ele no tronco de alguma árvore a mente clareou e o caminho apareceu.

Elas voltaram para casa andando mais que depressa.

Assim que chegaram em casa, pegaram um bom pedaço de tabaco e quando já iam levar para o curupira a mãe perguntou para quem era aquele tabaco. E elas responderam:

- É para o nosso vizinho que veio pedir.

Aquela história foi mantida em segredo durante muito tempo, até que um dia elas resolveram contar.

Ah! Esqueci de dizer que daquele dia em diante elas nunca mais se atreveram a sair para longe às escondidas para apanhar fruta no sítio alheio.

Fernanda B. de Matos 6º E

A CURUPIRA E O LENHADOR

Lá onde eu moro tem um velho chamado de Seu Bené. Todo dia ele precisava tirar lenha. E sempre ia sozinho. Não tinha medo porque nunca havia lhe acontecido nada.

Certo dia ele foi tirar lenha como de costume e quando terminou o serviço, voltou para sua casa. Depois que anoiteceu, foi dormir. Durante o sono, sonhou que na próxima vez que fosse tirar lenha na floresta iria aparecer várias assombrações para lhe fazer medo e judiar. Assustado ele acordou, mas, quando viu que fora apenas um sonho, desconsiderou e logo depois do café se arrumou para ir tirar lenha.

Quando chegou lá, não tinha ninguém. Ele começou a trabalhar.

Assim que concluiu o trabalho organizou os feixes e preparou-se para retornar para seu sitio.

Pegou o caminho de volta e foi quando apareceu logo a frente uma estranha mulher de vestido longo e vermelho. Seus cabelos também eram vermelhos e o homem logo percebeu que aquela mulher era a curupira.

Ela o olhava de um jeito como se estivesse com um ódio imenso, e de repente começou a falar umas palavras estranhas numa língua que o homem não entendia.

Na cabeça dele pareceu que ela o estava enfeitiçando e o medo foi tão grande que ele saiu correndo deixando lenha e tudo para trás.

Quando chegou em casa prometeu para si mesmo que jamais iria novamente à mata desacompanhado. E a partir daquele dia ele, deixou de tirar lenha em grande quantidade para vender. Apenas o suficiente para sua sobrevivência.


Alessandra Borges dos Reis

 6º ano E

O BANHO DA MÃE D’ÁGUA

No lugar onde moro o povo conta uma história de visagem que fala de uma velhinha que em certas noites aparecia nas estradas e jogava pedras nas pessoas.

Eu, claro, não acreditava. Sempre disse que o povo inventa coisas e não ia perder meu tempo ficando com medo de invenção.

Certo dia fui tomar banho no rio e quando lá estava mergulhando de um lado para o outro ouvi um barulho no meio do mato.

Saí correndo de volta para casa e chamei meu pai e meu irmão.

Naquele momento o medo foi tão grande que não tive coragem de ir junto, e preferi ficar em casa esperando.

Não demorou muito, meu pai e meu irmão chegaram brancos e quase desmaiando. Parecia que tinham visto visagem. E tinham visto mesmo.

Eles contaram que assim que chegaram ao rio, viram uma velha tomando banho e quando eles apareceram ela olhou para eles com uns olhos escuros como breu.

Nunca mais nenhum de nós teve coragem de ir ao rio à noite tomar banho. Deus me livre.

Paulo Vinícius Matos dos Santos

6º ano E – 1º turno

O FOGO MISTERIOSO
Quando minha mãe morava na Vila Nova não tinha energia elétrica.

Certa noite ela cortava comida no jirau que ficava atrás da casa enquanto os irmãos conversavam na frente da casa e esperavam o jantar.

Minha mãe tinha um primo muito brincalhão e que por um acaso estava lá naquele dia.

Enquanto cortava o peixe para assar, ela viu aproximando-se vagarosamente uma bola de fogo que inicialmente era apenas um filete e quando chegou bem perto virou uma enorme labareda.

Minha mãe não se assustou porque pensou que era brincadeira do seu primo tentando assustá-la e ainda disse:

- É bom apagar esse fogo porque se não vai acabar causando um incêndio e nem vai me assustar.

O fogo permaneceu indo e vindo ali na beira do mato.

Minha mãe foi até a frente da casa para dizer para os demais a brincadeira de mal gosto do primo e que nem a havia assustado.

Quando lá chegou ficou branca e paralisada ao vê-lo alegremente conversando com os rapazes.

Diante da cara de susto de minha mãe todos quiseram saber o que acontecera e depois saíram correndo para ver a visagem.

Mamãe contou que o fogo já estava desaparecendo quando eles lá chegaram e quando sumiu completamente eles correram com uma lanterna para ver o quanto tinha queimado, mas, para a surpresa de todos, não havia uma só folha esturricada. Nada. Como se não tivesse nunca aparecido nada ali.

Todos os que presenciaram aquilo jamais esqueceram e hoje podem contar para seus filhos e netos que ficam encantados e com medo só de escutar.

 

Maria Eduarda 6º ano C – 1º turno

A VISAGEM CARONEIRA

                Certa madrugada meu tio vinha de bicicleta e quando chegou na ponte que vai para o Perimirim, sentiu um frio na barriga e foi quando algo sentou na garupa da bicicleta e ele percebeu que de repente ficou difícil pedalar porque estava muito pesado.

                Olhou para trás e nada viu. Não tinha ninguém atrás. E o peso continuou e meu tio pensou: “Já sei! Com certeza é a visagem caroneira que sentou na minha garupa”.

                Meu tio parou, desceu da bicicleta, pegou um bom punhado de mato e amarrou na garupa.

                Subiu novamente na bicicleta e não mais sentiu o peso enorme da visagem. Mais também estava com tanto medo que pedalou o mais rápido que podia para chegar o quanto antes e se livrar daquela situação.

                Nunca mais meu tio andou sozinho à noite de bicicleta. Foi um santo remédio.

Benedito de Jesus Sousa dos Santos 6º ano C

O FOGO DA ESTRADA

                Certa vez um homem ia visitar o pai que morava no Tijoca.

                Ele foi à noite e sozinho. Não sentia medo porque é normal no interior os homens andarem sozinhos pelos caminhos. Mas naquela noite algo aconteceu.

                Num determinado ponto ele viu um fogo. Inicialmente parecia que era alguém que vinha porque se movimentava. Primeiro parecia pequeno e depois ia aos poucos aumentando.

                Quando meu tio se aproximou e viu que não era uma pessoa e o fogo desapareceu misteriosamente, teve certeza de que se tratava de uma visagem.

                Mesmo com medo ele fingiu que não tinha visto nada e seguiu seu rumo. Como precisava andar por aquele caminho todos os dias resolveu ignorar qualquer coisa estranha.

                Outras vezes, segundo ele, a bola de fogo voltou a aparecer, mas, como viu que ele não tinha medo, deixou de aparecer, pelo menos para ele.

Arlison dos Santos 6º ano
 
A VISAGEM E O MEU AVÔ

Um dia na casa da minha avó, apareceu para meu avô uma visagem. Minha avó e minha irmã tinham acabado de sair para pegar o ônibus para Vila Nova. O meu avô ficou com meu tio e minha tia, mas, eles precisaram sair um pouco e deixaram o velho sozinho. Foi aí que ele viu uma menina igual a minha irmã, e pensou realmente que fosse ela. Vovô então perguntou porque ela não acompanhara a vovó e ela nada respondeu. Apenas ficava olhando para ele, séria, concentrada. Então meu vô se levantou e foi colocar um pouco de sopa pra ela tomar, mas, quando ele viu, ela simplesmente desapareceu.

                Logo depois, minha irmã entrou em casa, falou com ele e foi ao quarto para pegar umas roupas e logo saiu sem que meu vô a visse saindo.

                Enquanto ele estava na sala ficou ouvindo mexerem no quarto e não disse nada, pensando que era minha irmã.

                Quando se levantou para ir à cozinha resolveu verificar o que ela tanto mexia no quarto. Quando lá chegou, não viu ninguém e ficou muito nervoso.

                Ainda bem que nessa hora os meus tios chegaram e meu avô ficou calmo. Porém, nunca mais permitiu que o deixassem sozinho em casa.

Maria Eduarda Cunha Reis 6º ano C

AS CURUPIRAS DA PALMEIRA

Meu pai – que se chamava Reginaldo – certo dia me contou que há muito tempo, quando Augusto Corrêa era apenas uma vila com poucas casas de barro, ele e sua família moravam em uma casa muito humilde no alto de um terreno de onde dava para ver toda a vila.

                Durante uma noite de lua cheia, enquanto a família se se preparava para dormir, papai observou que na frente da casa de um dos seus vizinhos, três crianças brancas e de cabelos vermelhos rodeavam uma palmeira e naquele vilarejo ninguém tinha filhos daquele jeito.

                Todos na casa viram as crianças e meu pai só para ter certeza, correu até a casa do vizinho para perguntar de quem eram aquelas crianças e quando chegaram até a palmeira elas já não mais estavam lá.

                Meu pai jura de pés juntos que eram curupirinhas.

 

David Miranda Gomes

6ª série B
 
O FANTASMA DE FOGO

Certa vez pela estrada de Augusto Corrêa vinha um homem que trabalhava no treme e ele já estava acostumado a chegar tarde em casa.

                Certa noite ele vinha do trabalho e como já estava acostumado a chegar na escuridão, não sentia medo, apenas caminhava normal pensando na vida e avaliando os acontecimentos do dia.

                Num determinado momento ele ouviu alguém lhe chamar. Pensando que era algum colega de trabalho que por algum motivo o acompanhava pela estrada, resolveu parar para esperar um pouco e gritou:

- Estou aqui! – e olhava para a estrada tentando enxergar alguém no escuro.

Ninguém apareceu e novamente seu nome foi chamado, alto e nitidamente:

- Paulo!

E novamente ele respondeu:

- Estou aqui! Dá para andar mais rápido?

Nesse momento ele ouviu o vento soprar bem perto do seu ouvido e os cabelos se arrepiaram deixando-o pela primeira vez com medo.

Nas várias tentativas de enxergar alguém na estrada que não vinha, ele novamente subiu na bicicleta e saiu em disparada.

Assim que chegou em casa estava branco como cera e contou para a mulher o que acotecera e ela logo respondeu com aqueles olhos assustados típicos dos crentes das lendas interioranas.

- Com certeza era o fantasma de fogo! – disse com aquele jeito quase irritante das pessoas que parecem saber de tudo.

- Não acredito que tu acredita nessas história? – interpelou parecendo indignado.

Paulo ficou por algum tempo observando sua mulher e balançando a cabeça como quem diz que está diante de alguém que parece não regular direito dos miolos.

E Ana respondeu meio sem graça diante daquele olhar incrédulo do marido.

- Tá bom! Se tu não acredita não posso fazer nada. Só te digo pra ter cuidado.

- Deixa de besteira mulher. Essas histórias é pra quem não tem coisa melhor para pensar e fica imaginando coisas. Ou melhor: Pra gente que não regula direito.

E fez o sinal com as mãos como se dissesse que ela também não regulava direito. Claro que isso era apenas para irritá-la e ele conseguiu. Também, naquela noite, dormiu na rede para não ter que enfrentar a mulher que parecia estar com ódio.

No dia seguinte Paulo pegou sua bicicleta e foi para o trabalho no Treme. Na volta ouviu novamente alguém chamar seu nome.

Dessa vez não respondeu. Não parou a bicicleta. Muito pelo contrário. Tentou pedalar ainda mais rápido.

Não queria acreditar na possibilidade de se deparar com uma assombração até porque não acreditava nessas coisas, mas, aquilo era tão estranho que começava a sentir um pouco de medo.

Olhava a sua volta para ter certeza de que ninguém o seguia e por algum tempo conseguiu pedalar sem nenhum susto, porém, depois de uma curva ele viu posicionado no meio da estrada uma pessoa toda vestida de branco com um enorme olhar de fogo e tinha fogo nas mãos e pés.

O susto foi tão grande que Paulo caiu e fingiu desmaio.

Enquanto estava ali no chão de olhos fechados, teve a impressão de que aquele seria seu último dia de vida, mas, desde o momento em que caiu nenhum outro barulho se fez ouvir. Como se ele estivesse completamente sozinho no meio da estrada.

O medo era tanto que ele permaneceu ali deitado e de olhos fechados por um bom tempo até que apareceu alguém e o socorreu.

Voltando para casa Paulo contou o que lhe tinha acontecido e   teve que escutar da mulher:

- Eu avisei!

Desde esse dia ele deixou seu trabalho e nunca mais foi para o Treme à noite e também nunca mais viu o fantasma de fogo, até porque não andou mais sozinho pelas estradas fora de hora.

Eliene Borges Rodrigues

6ª série

 JOÃO E A MATINTA

 
                Era um rapaz chamado João. Ele tinha doze anos e morava no interior, mais precisamente na Esmera; um lugar longe, longe.

                Ele tinha acabado de fazer aniversário.

                Nesse tempo a matinta começou a perturbá-lo.

                Certo dia ele resolveu sair à noite e quando ia no caminho escutou o assobio da visagem. Fifiiiiiiiiiiiiiiiooooooooooo. Matinnnnnnnnnnnnnntaperera!

                Parecia longe, mas ele sabia que ela estava perto. Assustou-se quando percebeu a aproximação do assobio e os cabelos se arrepiaram. Isso significava que ela estava bem mais perto ainda, talvez ao lado dele.

                Olhou de um lado para o outro e preparou-se para qualquer emboscada. Estava tão nervoso que pensou ser capaz de borrar as calças caso ela aparecesse.

                De repente ele sentiu um tapa bem forte nas costas e caiu.

                Levantou-se muito rápido, olhou ao seu redor e nada viu.

                Saiu correndo numa disparada pegando a rua de volta para sua casa.

                Três anos se passaram e todas as vezes que ele resolvia sair, principalmente à noite, sempre passava por alguma situação misteriosa.

                Num outro dia quando voltava da roça ouviu novamente o assobio escabroso. Correu para casa e lá chegando sentiu-se seguro. Tomou banho, jantou e descansado esperou à noite chegar lenta e misteriosa.

                Quando a escuridão tomou conta de tudo e depois que todo o vilarejo se recolheu e ninguém mais passava pela estrada, os cachorros começaram a latir e o assobio rasgou a escuridão provocando muito medo.

                Sem pensar duas vezes ele pegou uma faca e a enfiou na porta da sua casa e disse:

                - Agora vou saber quem é essa danada!

                No outro dia, logo cedo, uma vizinha apareceu e pediu uma xícara de café.

                Depois que a esposa entregou, a mulher foi embora e daquele dia em diante nuca mais apareceu perturbando a vida do rapaz.

Felipe Borges Brito 6ª série B

A VISAGEM DO POÇO

                Dizem os antigos que em todo lugar que tem um poço a mãe d’água provavelmente toma banho lá. Apesar disso, em muitas casas existem poços que foram cavados no compartimento da cozinha para facilitar o acesso à água no momento do uso.

                Em uma dessas casas, conhecendo as histórias que os antigos contam o dono tinha o costume de fazer a ronda todas as noites sempre que se acordava para se certificar de que os demais estavam seguros e que não havia nenhuma visagem, visto que os antigos também diziam que a mãe d’água encanta as pessoas para leva-las ao fundo do rio.

                Certo dia receberam a visita de um amigo que apareceu para passar o final de semana.

                Por medo do poço armaram a rede do homem na sala, mas, quando a noite ia alta o calor o fez pegar sua rede e armá-la na cozinha.

                Embalou-se e quando já sentia o sono tomando o controle, viu aparecer de repente na beira do poço uma bela mulher. Era tão linda que parecia até inacreditável.

                Ele se levantou da rede e caminhou na direção da bela mulher, mas, ela se jogou no poço e de lá chamou por ele. Sem conseguir resistir o homem também se jogou, mesmo consciente de que não sabia nadar.

                Um bom tempo depois o dono da casa ao levantar para fazer a ronda, primeiro foi na sala, como não viu a rede do homem foi até a cozinha e achou estranho a rede vazia. Esperou um pouco achando que ele estava no banheiro. O tempo passou e nada. Resolveu chamar. Nada. Abriu a porta do banheiro e não tinha ninguém. Correu para a beira do poço e lá estava o homem boiando.

                Gritou para que todos o ajudassem a retirá-lo de lá, mas já era tarde demais. Porém, apesar disso, o cadáver estava sorrindo como se tivesse nos braços de uma linda mulher.

                A partir daquele dia o poço foi definitivamente fechado e assim que houve uma oportunidade venderam a casa e nunca mais quiseram mandar cavar um poço assim, aberto, porque acreditavam que a mãe d’água poderia aparecer e encantar um deles para levá-lo ao fundo do rio, ou à morte.

Aline do Socorro da Silva Luz

6ª série B

A ONÇA ASSOMBRADA

Aquele era dia de caçada na tribo e os índios se preparavam para sair com seus arcos e flechas. Tinham a pretensão de voltar com comida o suficiente para a semana.

                Alguns índios levavam seus filhos adolescentes para lhes ensinarem a arte da caçada e juntos pai e filho desfrutavam da natureza, mas também a respeitavam.

                Andando pela floresta ouviram um barulho muito estranho. Rapidamente pegaram arco e flecha preparando-se para o ataque, mas, depois de procurarem cautelosamente a presa, viram do outro lado do rio uma enorme onça. Animados com a descoberta começaram a atirar no animal, porém, todas as flechas atravessavam o bicho como se ele fosse invisível, como se fosse um fantasma. Logo os dois índios perceberam que estavam diante de um ser assombrado.

                Pararam de atirar e ficaram observando. A onça não se mexeu de onde estava e ficava olhando para eles como se quisesse impor sua superioridade. Para a surpresa dos índios uma luz muito forte apareceu cercando o animal. Segundos depois, para espanto dos dois a onça desapareceu sem deixar rastros.

                Os índios correram de volta para a tribo e contaram a todos. O pagé, que já conhecia a história, contou então que aquela onça só aparecia de ano a ano para avisar aos que sobreviviam dos benefícios da floresta que só poderiam pegar o que fosse suficiente para sua sobrevivência, cuidando e preservando para que ela não acabasse assim como seus animais.

                Assim, os índios ficaram conhecendo a história da onça assombrada da floresta.

Ademar Raiol Alves Neto

6ª série B

O ENCANTO MÃE D’ÁGUA

                Minha cunhada me contou que quando era uma adolescente tinha o cabelo grande, liso e muito bonito. Ela morava no interior de Augusto Corrêa. No quintal da casa onde morava havia um rio e muitas árvores e a janela do seu quarto ficava na direção do rio.

                Ela era muito vaidosa e vivia penteando os cabelos e se arrumando.

                Certo dia ela acordou com muita febre e dor de cabeça. Os remédios pareciam não fazer efeito e diante de uma situação como aquela, no interior, a única solução era chamar o pagé.

                Depois da benzição, o homem contou que a mãe d’água havia enfeitiçado minha cunhada e que daquele dia em diante, sempre que ela  fosse se arrumar deveria fechar a janela do quarto por que senão a mãe d’água iria flechá-la de novamente.

                Segundo ele, qualquer mulher que exibisse beleza a mãe d’água ficava zangada e se vingava.

                Daquele dia em diante, estavam proibidos banhos no rio nos horários das 6:00, 12:00 e 18: 00 horas, que eram os horários em que o povo do interior diz que a mãe d’água se banha. E desse dia em diante e obedecendo as ordens do pagé, ela nunca mais adoeceu.

Marta Brito de Amorim.

6ª série B

A VISAGEM DA CASA DA VOVÓ

Quando eu era pequena vi um fantasma na casa da minha avó. Já era umas oito horas quando o meu pai foi me deixar na casa dela e a vovó saiu por um instante me deixando sozinha. De repente bateu um vento frio quando eu estava jantando e foi quando escutei me chamar. Era um chamado estranho, lento e fantasmagórico.

                Pensei que fosse a vovó. Levantei e fui ver o que ela queria.

                Chegando na sala não tinha ninguém. E ninguém na casa inteira.

                Corri para fora e também não tinha ninguém.

                Voltei para dentro de casa para ficar mais protegida, mas, assim que entrei eu a vi. Uma figura estranha, ali, parada bem no meio da sala. Era completamente fantasmagórica. Ela estava com um vestido todo branco e parecia não ter rosto. Não dava para distinguir sua fisionomia e mesmo assim parecia me olhar atentamente e ficamos ali frente a frente por alguns segundos até que ela se mexeu e veio na minha direção. Aproximou-se e olhou bem nos meus olhos. Parecia até que queria me dizer algo. Mas, logo sumiu e me vi sozinha novamente.

                Sai correndo e gritando pela vovó que me contou que antes de se mudar, a casa pertencia a uma senhora que havia morrido. Por isso o marido vendeu a casa.

                Daquele dia em diante nuca mais fiquei sozinha naquela casa. Vai que a mulher de branco resolvesse aparecer novamente.

 

Kayla Torres de Oliveira

6ª série B

A LENDA DA CARROCINHA

                Dizem que a carrocinha aparece à meia-noite no bairro Santa Cruz, no bairro São Miguel e no bairro Espirito Santo.

                Dizem também que ela carrega ossos humanos retirados do cemitério.

                Não se sabe ao certo pelo que ela é puxada. O que se sabe é que é conduzida por uma visagem e que aquele que tiver a coragem de abrir a janela no momento em que a carrocinha passar, encontrará na sua janela uma vela de osso e provavelmente terá seu enterro ainda no mesmo ano.

                Contam os antigos que uma certa noite uma mulher estaria na janela se sua casa quando de repente ouviu o barulho da carrocinha se aproximando.

                Querendo desvendar o segredo da misteriosa visagem, a mulher fingiu fechar a janela, mas ficou espreitando de forma que quando a carrocinha passou ela conseguiu ver o seu condutor. Era um homem alto, vestido de branco e o barulho era grande, como se a carroça além de ossos, também levasse pedras e latas.

                Contam que a mulher ficou muito doente e quase morreu, e depois desse dia ninguém mais queria ficar até meia noite na janela de sua casa por medo de ser vítima da carrocinha.

 

Layane de Cássia B. Barbosa

7ª A

A VISAGEM DA CARROCINHA

                Era noite fria e nublada. Já passava de meia-noite e uma das moradoras não conseguia dormir por mais que tentasse. Desistiu e resolveu se levantar.

                Foi quando ouviu o barulho. Vinha na rua, devagar como se viesse pesado. Parecia uma carroça de boi carregando pedras, latas e ossos.

                Rapidamente ela se levantou e tentou ouvir melhor, queria ver o que era, mas, todos no vilarejo diziam que quando ouvissem aquele barulho não era para abrir a janela.

                Ignorando a crendice dos antigos e querendo satisfazer sua curiosidade abriu uma pequena fresta da janela, olhou e viu. Era uma noiva com o vestido sujo e rasgado; os cabelos arrepiados e com uma maquiagem horrivelmente borrada. Ela estava sentada bem na frente de uma carrocinha velha cheia de alguma coisa que não dava para ver direito. Passava em frente a sua casa devagar e penosamente. Era inacreditável. Então aquela história era verdade.

                De repente, a mulher virou o rosto na direção da casa e desceu da carroça indo na direção da mulher.

                Ela saiu correndo e se trancou no outro quarto e ficou lá até que a encontraram mortinha da silva.

                Essa história serviu de lição para que outras pessoas no vilarejo não  mais abrissem a janela quando ouvissem o barulho.

                Assim, os anos se passaram e a visagem continuou aparecendo, mas nunca mais ninguém teve coragem de abrir a janela.

A CARROCINHA E MINHA VÓ

Certa noite minha vó estava relembrando as histórias de sua vida e contou sobre muitas coisas, mas a que mais me interessou foi a história da carrocinha, tão famosa na nossa cidade.

                Contou ela que numa noite se acordou com o barulho de paus, pedras, latas e ossos batendo. Ela já desconfiava que era a carrocinha, mas tinha curiosidade de saber como era a visagem. Então ela abriu um pouco a janela para ver, porém a rua estava deserta.

                Ela foi se deitar e de repente ouviu o barulho mais perto, e agora seu corpo todo estava arrepiado, então ela falou deixando-me cheia de medo:

                - Se você ouvir esse barulho tenha certeza de que é a visagem da carrocinha. E não vá olhar, pois você não vai conseguir ver.

Lorena Costa do Rosário

7ª série A
 
MINHA TIA E A MÃE D’ÁGUA

                Há algum tempo minha família estava no quintal assando castanhas e quando acabaram de assar foram para a cozinha de casa ficando apenas minha tia no quintal, sozinha.

                Algum tempo depois sentimos a falta dela e começamos a procurá-la, mas ninguém a encontrou. Dois dias se passaram quando um amigo da família quando ia para casa, passando por um caminho onde tinha uma enorme mangueira e de longe viu alguém caído no chão. Correu para ver quem era e reconheceu minha tia que estava completamente desmaiada. Ele a pegou no colo e a trouxe para casa, mas, ela estava muito doente.

                Mesmo bastante fraca ela ainda conseguiu contar que no dia do seu desaparecimento, enquanto todos foram para a cozinha ela viu sair do poço uma mulher muito bonita que a convidou para dar um passeio e era apenas isso que se lembrava e nada mais.

                Os dias se passaram e nenhuma melhora. Infelizmente ela não resistiu e acabou morrendo. Nunca mais ficamos sozinhos no quintal, principalmente porque até hoje todos ouvem alto e nitidamente o assobio. E sabemos que a mãe d’água está passeando por lá e qualquer um que esteja sozinho pode ser encantado por sua beleza.      

Yure Borges Brito 7ª série A – 1º turno

O MAL OLHADO DA MÃE D’ÁGUA

                Certa vez minha madrasta estava num rio com sua filha e num momento em que as duas estavam tirando fotos em cima da ponte que existia na divisa do rio, de repente alguma coisa do outro lado do rio chamou a atenção da menina que não parava quieta para que as fotos ficassem boas e ela dizia que lá tinha uma mulher chamando por ela, mas minha madrasta olhava e não enxergava ninguém.

                Rapidamente pegou pela mão da filha e as duas saíram dali o mais rápido que podiam e enquanto se afastavam a menina ia olhando para trás dizendo que a mulher continuava chamando por ela.

                Sem saber o que fazer minha madrasta pegou a menina no colo e saiu correndo para casa.

                Quando chegou à noite a menina começou a sentir muita febre e não parava de falar na tal mulher.

                Não demorou muito, minha avó chegou, e assim que viu a neta daquele jeito logo disse que ela estava com mal olhado de mãe d’água e correu para benzê-la.

                No outro dia a menina acordou bem melhor e nunca mais as duas foram àquele rio.

 

Ronald Ruan

7ª série A

A COBRA SURUCUCU

                                                  
Um dia dois homens saíram para caçar. Chegando no lugar combinado resolveram se separar e marcaram de se encontrar novamente num determinado horário. O primeiro que chegasse esperaria o outro.

                O primeiro homem a chegar ficou esperando o outro e depois de uma hora começou a se preocupar com o colega que não retornava. Intrigado, o que estava esperando foi atrás para ver o que ocorrera.

                Entrou pelo mesmo caminho que o outro e quando se aproximou do local onde o homem estava levou um susto ao ver que ele estava completamente pelado como se estivesse em transe balançando-se para frente e para trás.

                Ao ver aquela situação, o homem observou mais atentamente o local onde estavam, até que viu enrolada numa árvore uma enorme cobra surucucu que estava estática olhando o homem pelado.

                Armado com a espingarda o homem atirou na cobra acordando o outro do transe.

                Assim que viu a cobra e percebendo-se pelado, o outro não compreendia o que ocorrera e rapidamente os dois saíram dali correndo.

                Depois que chegaram em casa, o homem que estava pelado contou que vira duas meninas loiras que chamavam por ele e o convidavam para se que se aproximasse.

                Era difícil acreditar que tudo fora imaginado pelo hipnotismo que ele sofrera pela cobra.

 
O CURUPIRA DO MANGAL

Um homem foi pegar caranguejo e mesmo com toda a persistência costumeira não conseguiu pegar nenhum.

                Quando já estava desistindo de sua empreitada viu uma mulher sair de dentro do mangue carregando uma boa quantidade de caranguejo e perguntou a ela:

                - Como tu conseguiu pegar tanto caranguejo se eu não consegui pegar nenhum?

                E ela respondeu de forma tão simples como se fosse algo normal:

                - Foi o curupira que me ajudou!

                Espantado o homem perguntou:

                - Mais como?

                E tão naturalmente ela respondeu:

                - Amanhã traz um cigarro com um fósforo e coloca no tronco de uma árvore e deixa lá. Comece o seu trabalho que tu verá a quantidade de caranguejo que vai aparecer.

                No outro dia o homem chegou ao mangue com uns cigarros e um fósforo e deixou no tronco de uma árvore.

                Na mesma hora se afastou e começou a procurar os caranguejos.

                Justamente como a mulher falara, logo pegou um, dois, três, dez e assim encheu o paneiro.

                Feliz, quando terminou o trabalho voltou para casa e quando ia saindo passou pelo tronco de árvore em que deixara os cigarros e o fósforo e espantado viu que não mais estavam lá.

                Mais do que depressa saiu dali correndo com medo de que o curupira aparecesse.

José Reginaldo Santos do Rosário 7ª série A – 1º turno

O ATAIDE

                Um pescador me contou várias de suas experiências com visagens. Uma delas foi sobre o Ataíde.

                Ele estava voltando de uma pescaria quando decidiu parar em uma pequena ilha onde havia apenas uma casa de tábua humilde coberta de palha. Dentro dessa casa havia uma cruz também feita de madeira.

                Assim que parou na costa da ilha logo se dirigiu para a velha casa para passar a noite.

                Enquanto seguia pelo caminho já conhecido teve a impressão de que estava sendo observado. Parou, olhou ao redor e imaginou ver alguém se esgueirando por entre as árvores.

                Seguiu seu caminho e assim que chegou ao local a primeira coisa que fez foi acender o fogo para fazer a janta.

                Assim que a noite chegou, trancou a porta e armou sua rede. Quando o sono chegava lentamente o homem ouviu barulho de pegadas ao redor da casa; como se alguém estivesse buscando uma maneira de entrar.

                O pescador se levantou e na ponta dos pés buscou uma fresta na parede para tentar ver quem estava lá fora e levou um grande susto quando viu um ser enorme que tinha uma coisa enrolada pelo corpo como se fosse uma cobra.

                Amedrontado, o pescador encolheu-se em um canto da casa temendo que aquele ser tentasse entrar à força na casa ou o observasse através de uma das inúmeras frestas que existiam devido as tábuas tão envelhecidas.

                O tempo passou e o barulho sumiu. Achando que o Ataíde havia ido embora o pescador voltou para sua rede desejando conseguir dormir.

                Assim que se embrulhou o susto foi imenso quando uma enorme batida na porta fez com que de um sobressalto ele se levantasse e corresse, ficando à espreita.

                O barulho novamente se fez ouvir e o coração do pescador parecia querer sair do lugar e a batida na porta continuou e se intensificava cada vez mais.

                Sem saber o que fazer o pescador preparou-se e abriu a porta. O ser estranho estava lá, parado e enorme. Sem que ele esperasse o pescador agachou-se e passou por baixo das pernas do Ataíde e saiu correndo na direção do barco.

                Chegando lá, imediatamente ligou o motor e mais que depressa saiu daquele lugar.

                Quando já estava saindo e através da luz da lua cheia ele viu na beira da praia aquele homem enorme que logo depois desapareceu de forma estranha.

                Daquele dia em diante nunca mais foi para aquela praia e contou para todos os seus colegas pescadores o que lhe havia acontecido para que eles não passassem pela mesma situação.

Felipe Alves da Silva Rocha

7ª série A

A PROCISSÃO DOS MORTOS
 
                Minha mãe era empregada doméstica e só retornava todos os dias às onze e meia da noite porque ainda ficava com as crianças para a sua patroa poder trabalhar.

                Certa noite, quando voltava para casa sentia muito medo pelo tardar das horas e pelo fato de que na estrada tinha apenas mato de um lado e outro.

                Tratou de andar mais rápido, mas num determinado momento ouviu um barulho estranho na estrada atrás de si. Respirou fundo e resolveu olhar para ver o que estava provocando aquele ruído.

                Quando virou, levou um susto enorme ao ver várias pessoas vestidas de branco e carregando velas nas mãos seguindo logo atrás dela.

                Nesse momento ela saiu correndo e quando já estava se aproximando de sua casa resolveu olhar novamente e aliviada viu que as pessoas de branco haviam desaparecido.

                Quando chegou em casa eu e minha irmã já estávamos dormindo e apenas no outro dia ela nos contou o que tinha acontecido.

Carine Camile Veloso Loreiro

7ª série A
    

UMA CARONA MACABRA

Certa vez meu tio vinha de Belém e no meio da viagem minha vó ligou para saber se ele iria demorar muito para chegar.

                Depois que ele desligou o celular, percebeu que na estrada tinha uma pessoa pedindo carona. Era uma mulher e estava toda vestida de branco.

                Mesmo com medo ele parou e ofereceu carona para a mulher. Ela não tinha nenhuma mala e apesar dele tentar puxar conversa, a mulher permaneceu calada até chegar em Augusto Corrêa.

                Assim que o carro entrou na cidade a mulher pediu que o homem parasse próximo ao posto de gasolina. Atendendo ao pedido, meu tio parou o carro e quando virou-se para trás para dizer que a mulher podia sair do carro ela não mais estava lá.

 Sem abrir a porta como ela havia saído?

                Meu tio entrou em estado de choque e durante meia hora não conseguiu se mexer.

                Quando sentiu o coração voltar ao normal saiu em disparada para a casa da sua mãe e chegou lá muito pálido como se estivesse se sentindo mal. Na verdade estava com muita febre e dor de cabeça.

                Foi aí que ele contou para todos o que lhe acontecera e prometeu que daquele dia em diante nunca mais daria carona para pessoas estranhas, principalmente no meio da madrugada.

Jucélia M. Ramos - 7ª série A – 1º turno


O GRITADOR DO MANGUE

 

Certo dia, Pedro e João resolveram tirar caranguejo à noite. Chegando lá, saíram da canoa e se dirigiram ao mangal.

Depois que pegaram uma quantidade suficiente resolveram deixar na canoa. Foi aí que decidiram se separar para explorar um espaço maior e quem sabe poder encher a canoa.

                Combinaram de se encontrar novamente depois de meia hora ou quem terminasse primeiro ia procurar o outro.

                O Pedro foi quem terminou primeiro e sentindo-se já muito cansado procurou o amigo e disse que iria esperá-lo na embarcação.

                - Tá bom – disse João – Espera lá que já tou indo.

                O Pedro voltou para a canoa enquanto João continuou seu trabalho.

                Num determinado momento ele escutou um grito no meio do mangue e sentiu os cabelos arrepiarem.

                Pegou os caranguejos que havia capturado e preparou-se para voltar à canoa quando ouviu outro grito bem próximo de onde estava.

                Apressou o passo e novamente ouviu atrás de si outro grito ainda mais horripilante. Saiu correndo e quando chegou à canoa, o amigo já esperava morrendo de medo porque escutara o grito.

                Os dois amigos empurraram a canoa e quando conseguiram sair ainda ouviram outro grito, dessa vez bem próximo e viram também um homem enorme e todo sujo de tijuco se aproximar da beira da maré.

                O pior foi o grito que ele deu dizendo:

                - Sorte que vocês chegaram na água senão iriam ver!

                Os dois amigos ficaram paralisados de medo e por um bom tempo permaneceram calados apenas pensando no perigo que correram e assim que chegaram de volta à praia de onde saíram, prometeram que daquele dia em diante nunca mais iriam tirar caranguejo à noite.

 

Dhemeson Fonseca Alencar - 7ª série A – 1º TURNO – Emef  Rosa Athayde
 

               

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